sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

O amor e o tempo

Tempo uma caixa cheia de surpresas. Boas, ruins, alegres e tristes. Período de cicatrização e abertura de feridas. Como dói o coração de quem a tempos ama alguém que não está por perto. Quando um minuto dura uma hora e a saudade se transforma em gotas de lágrimas.

Uma rosa nasce de um pequeno botão, desabrocha e com o tempo fica murcha. Será que ficamos murchos? O amor é parecido com uma flor, com a primavera. Embora para muitos o amor mais pareça um inverno. No meu caso ele sempre foi um outono. Passa por mim assim como as folhas que caem das árvores e correm pelo chão na hora que o azul do céu se mistura com o amarelo. Meu amor nunca murchou, apenas ficou anêmico.


“Como eu queria que o tempo voltasse”! Também gostaria muito, mas ele não volta. Talvez se o relógio colaborasse eu poderia consertar meus erros e hoje não estaria derrubando gavetas, revirando papéis e olhando fotos. “Devia ter arriscado mais, e até errado mais, ter feito o que eu queria fazer”... Até a perfeição tem falhas. Só eu sei o quanto dói tudo o que deixei de fazer.
Nunca me comprometi, uma perfeita diplomata. Continuo da mesma forma, inclusive quando sei que um simples eu e sim, podem mudar tudo. Mas, e se rirem de mim? Agora entendo o motivo das estufas. Esqueci não posso me machucar. Eu mesma consigo causar estragos sem fazer nada.


E enquanto não me comprometo, continuo olhando e rezando pelo tempo. Peço que ele passe depressa e eu consiga alcançá-lo. Nunca gostei de relógios. Prefiro riscar calendários e sonhar com o dia da alforria. Eu me darei alforria. Enquanto ainda me prendo, meu amor continua no outono, minha folha verde correndo mundo afora. Sim, ela ainda é verde. Porque meu amor não deixou que o tempo a matasse. O tempo só transformou meu amor em versos, lágrimas e um vazio preenchido de saudade.




segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A arte das sombras


A sociedade contemporânea está rodeada por diferentes grupos que recebem o nome de tribos urbanas. Os góticos, muitas vezes confundidos com os punks, possuem uma forma diferente de ver a vida; enxergam a vida na cor preta e branca, contrastando a sombra com a luz, anjos com caveiras, a morte com a vida e o colorido do amor com a tristeza da solidão.

Você já deve ter ouvido falar sobre os góticos, seja pelo visual, poemas, esculturas ou na arquitetura. Os góticos fazem parte de uma das inúmeras tribos urbanas existentes na sociedade.


Mas, o que são tribos urbanas?


Qualquer tipo de sociedade é formada por uma cultura. Assim que uma criança nasce vários hábitos, crenças e costumes são passados ao longo do tempo. Na adolescência o ser humano decide se quer fazer parte dessa cultura ou não.

As tribos urbanas, mais conhecidas como um fenômeno juvenil vem crescendo a cada dia nas cidades, não só nos grandes centros, mas também no interior. São rodeadas por códigos e normas, mal compreendidas e estudadas por sociólogos, assim como um fenômeno. São organizadas como qualquer sociedade. Possuem normas, estilo e pensamentos diferenciados do tradicional. Esses grupos geralmente se formam a partir de pessoas que têm o mesmo interesse e se identificam com a maneira de ser das mais diferentes tribos urbanas.
Os góticos são um tipo de tribo urbana, cujas características são ressaltadas não só no visual, mas em uma das mais belas expressões de arte.



Tudo sobre uma gótica


A estudante de jornalismo Priscila Soares é uma típica gótica. Veste-se de preto, tem cabelos longos e franja escorrida nos olhos, maqueia-se com lápis preto nos olhos e usa tênis com desenhos de caveira. Seu blog chama-se “Anjo Sombrio”, lugar ao qual ela se dedica a escrever seus poemas que expressam todo seus sentimentos em relação ao mundo, ao preconceito e ao amor.
Priscila se identificou com os góticos assim que entrou na sua primeira faculdade de informática. Segundo ela, a identificaçao com a tribo se deu através dos poemas. “Assim como os góticos eu escrevia poemas, me identifiquei com eles através dos poemas, da forma que eles conseguiam passar para o papel todos os seus sentimentos”.

Os góticos são de poucas palavras. Preferem estar em contato com pequenos grupos e usam uma linguagem que é expressada atáves dos poemas, das música (rock com letras romanticas), pinturas e desenhos. O lugar mais utilizado para a demostração dessa arte é o cemitério. Priscila explica que no cemitério o gótico encontra todas as imagens que passam por suas mentes como caveiras e anjos.


As baladas geralmente são em boates ou shows de rock. Mas, ao contrário dos punks, os góticos não gostam de som pesado. Preferem letras mais suaves que falam de sentimentos.



Os seguidores do goticismo levam uma vida normal, embora a sociedade tradicional muitas vezes os olhem com preconceito. Priscila é um exemplo. Moradaora da cidade de Suzanapolis, ela viaja todos os dias para Fernandópolis, onde estuda jornalismo e ainda faz estágio em uma rádio na cidade de Pereira Barreto.
Quanto ao preconceito, Priscila afirma que incomoda muito, mas ela já se acostumou com isso e não mudará seu estilo para agradar as outras pessoas. “Gosto de ser eu mesma, não me importo com o que as outras pessoas pensam”.



A Arte Gótica


Arquitetura

Não é preciso ir até um cemitério para encontrar rastros da arte gótica. Ela está bem no centro da cidade, na igreja. Sim, a arquietura das igrejas a partir do século XII, entre os anos de 1150 e 1500, foram construídas inspiradas na arte gótica que é tão antiga quanto a história da humanidade. Caracterizada por paredes altas e finas, tetos em formato de pirâmide e grandes vitrais.
A Catedral da Sé em São Paulo é um exemplo das construções góticas. Uma das mais famosas é a Catedral de Notre Dame de Paris.


Escultura


A escultura gótica segue as mesmas características da arquitetura. Prevalecem formas alongadas. Rostos expressivos e exagero nas formas. Geralmente são usadas em igrejas.

Pintura


A pintura gótica é marcada por grandes nomes. Entre eles Giotto, famoso por pintar figuras de santos. O olhar da pintura gótica sempre é direcionado para cima, representa o olhar para o céu e os planetas.

Literatura

A literatura é uma das formas mais fortes de expressao da cultura gótica. A primeira manifestaçao dessa literatura aconteceu no século XVIII na Inglaterra no livro Castelo de Otranto, do escritor Horace Walpole.
No Brasil, a arte gótica ficou conhecida através da corrente literária do romantismo, através dos textos de Álvares de Azevedo. As histórias góticas incluem personagens como a morte, cospirações, vampiros e anjos.
Raul Seixas e Paulo Coelho comporam uma canção chamada “Rock do Diabo”, na qual são encontrados elementos da literatura gótica.

Viu só? A tribo gótica é composta por várias características. Quantas vezes passamos em frente a uma igreja e nem sabemos porque as paredes são altas e o teto em forma de pirâmide? Toda as expressões de arte, seja ela arquitetura, pintura ou literatura tem uma história por trás.
A arte sombria contribui muito para a beleza das igrejas, para a leitura de poemas, que mesmo tristes e sentimentais escondem a beleza das dualidades e o contraste da luz no negro.

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Saiba mais sobre os góticos


Algumas dicas para você conhecer mais sobre essa tribo

Leitura: Noite na Taverna (Álvares de Azevedo)
Música: Rock do Diabo ( Raul Seixas e Paulo Coelho)
Filme: O Fantasma da Ópera

domingo, 23 de janeiro de 2011

Para quem não tem palavras...

Confesso! Faz algum tempo que não escrevo. Não é preguiça, nem descaso com a escrita. Gostaria de escrever sobre tantas coisas, mas tenho medo de confundi-los caros leitores. Temo encharcar meus textos de sentimentalismo e esquecer que o mundo não tem nada a ver com meus sentimentos.
A primeira lição aprendida na faculdade sobre textos jornalísticos é essa: Jornalista não pode entrar na narrativa, ele é apenas um observador que narra fatos. Todavia, o narrador também respira, chora, perde e principalmente ama. Resta guardar tudo no mais profundo da alma e tornar-se oco. Sou oca há muito tempo, não me dou mais ao luxo de sentir nada. Seria síndrome de Macabéa?
É que na verdade mais pessoas precisam que eu escreva sobre elas. O sofrimento às vezes purifica e bom sofredor não foge, ele vê suas coisas escapando pelas mãos e continua contemplando sua perda; até que desapareça de uma vez. Quem sabe um dia escreverá sua própria história? E assim finalmente seja a estrela de alguma coisa. Em gramática chamamos de narrador personagem e o verbo é sempre em primeira pessoa.

Como poderei continuar oca? Se o mundo é movido pelos sentimentos, seja bons ou ruins? Basta olhar para os lados vejo amor entre aquelas almas apaixonadas, sofrimento nos rejeitados, indignação por quem sofre e a alegria das crianças. Eu também tenho todos os sentimentos do mundo.
Gosto de contar histórias. Elas tornam minha vida menos rotineira e principalmente faz com que eu esqueça tudo. Faz-me sentir útil, através delas existo. Escrevo, logo existo.

Escrever é uma necessidade. As palavras nos oferecem vários recursos como ambigüidades, conjugações verbais e muito pleonasmo. Posso contar minha vida e você nem saberá. Versos conquistam, músicas apaixonam e uma declaração muda tudo. Basta saber uni-las.
Mas, como já disse o mundo nada tem com meus sentimentos. Talvez eu só esteja escrevendo para você que também está oco ou sofrendo por falta de alguma coisa. Nessas minhas observadas percebi que alguém precisava de palavras, aqui estão elas. Por um instante pego os sentimentos dos outros.
Sofreria por tudo, menos por falta de palavras.