domingo, 23 de janeiro de 2011

Para quem não tem palavras...

Confesso! Faz algum tempo que não escrevo. Não é preguiça, nem descaso com a escrita. Gostaria de escrever sobre tantas coisas, mas tenho medo de confundi-los caros leitores. Temo encharcar meus textos de sentimentalismo e esquecer que o mundo não tem nada a ver com meus sentimentos.
A primeira lição aprendida na faculdade sobre textos jornalísticos é essa: Jornalista não pode entrar na narrativa, ele é apenas um observador que narra fatos. Todavia, o narrador também respira, chora, perde e principalmente ama. Resta guardar tudo no mais profundo da alma e tornar-se oco. Sou oca há muito tempo, não me dou mais ao luxo de sentir nada. Seria síndrome de Macabéa?
É que na verdade mais pessoas precisam que eu escreva sobre elas. O sofrimento às vezes purifica e bom sofredor não foge, ele vê suas coisas escapando pelas mãos e continua contemplando sua perda; até que desapareça de uma vez. Quem sabe um dia escreverá sua própria história? E assim finalmente seja a estrela de alguma coisa. Em gramática chamamos de narrador personagem e o verbo é sempre em primeira pessoa.

Como poderei continuar oca? Se o mundo é movido pelos sentimentos, seja bons ou ruins? Basta olhar para os lados vejo amor entre aquelas almas apaixonadas, sofrimento nos rejeitados, indignação por quem sofre e a alegria das crianças. Eu também tenho todos os sentimentos do mundo.
Gosto de contar histórias. Elas tornam minha vida menos rotineira e principalmente faz com que eu esqueça tudo. Faz-me sentir útil, através delas existo. Escrevo, logo existo.

Escrever é uma necessidade. As palavras nos oferecem vários recursos como ambigüidades, conjugações verbais e muito pleonasmo. Posso contar minha vida e você nem saberá. Versos conquistam, músicas apaixonam e uma declaração muda tudo. Basta saber uni-las.
Mas, como já disse o mundo nada tem com meus sentimentos. Talvez eu só esteja escrevendo para você que também está oco ou sofrendo por falta de alguma coisa. Nessas minhas observadas percebi que alguém precisava de palavras, aqui estão elas. Por um instante pego os sentimentos dos outros.
Sofreria por tudo, menos por falta de palavras.

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