segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O velho novo rádio

O rádio brasileiro viveu muitos anos de extrema importância para a população e por muito tempo permaneceu como principal meio de comunicação; não só de caráter informativo, mas como forma de entretenimento, graças aos programas de auditório, as radionovelas e toda a programação musical que divertia os ouvintes. Atualmente o rádio está transformado e ainda se transforma. As mudanças podem ser encontradas desde a apuração das notícias até ao conteúdo veiculado.

Era o tempo em que o rádio consolidava-se como o principal meio de informação e utilidade pública, não só das cidades interioranas, mas também das grandes metrópoles. Antigamente no rádio se narrava de tudo. Desde a notícia do furto da galinha até o estado de saúde do seu José.
Um veículo de jornalismo, sem jornalista. Eis aí uma característica que perdura até hoje em algumas emissoras de rádio. Não há jornalistas em suas redações.
Segundo dados do Ministério do Trabalho, coletados no ano de 2004, de cada cem jornalistas empregados, apenas cinco trabalham em rádios. Talvez ainda exista a ideia de que para trabalhar no rádio o necessário é só boa voz.

Com a estréia da televisão no Brasil na década de 1960, muito se ouviu sobre o fim do rádio. Para muitas pessoas a televisão se tornaria o único e principal meio de comunicação. No entanto, o rádio sobreviveu e vem sobrevivendo a cada nova mídia. Sua versão está se adaptando até na internet, através da rádio web e dos podcast.

Trabalhando com equipes e receitas reduzidas pela baixa audiência, as empresas radiofônicas tentam sobreviver através de classificados, ou seja, venda de produtos e bens durante a programação. O locutor faz o papel de corretor e negocia preços e condições de pagamento; assim como se estivesse em uma loja.

O rádio no Brasil não vive mais a época em que o repórter deslocava-se até o local onde estava acontecendo o fato e transmitia tudo ao vivo através de uma super cobertura que aguçava a imaginação dos ouvintes. Hoje, tudo é frio como as folhas dos releases enviados para os locutores, é distante como a entrevista pelo telefone e tão improvisado quanto a leitura dos jornais e matérias frias ou engavetadas.

Foi a época em que se via mulheres apaixonadas por uma voz, senhoras sentadas na sala atentas as radionovelas e senhores deitados nas suas redes com o velho radinho de pilhas, aquele que o acompanhava até o estádio e só descansava à noite na cabeceira da cama. Já se foi a época na qual o radialista buscava histórias da rua, procurando fatos e contando a história da vendedora de bombons. Atualmente não só o rádio está modernizado, mas as histórias e notícias também.
O seu José que melhorou de saúde, pode não saber acessar a internet. Pode sentir saudade do rádio antigo. Mas o que seu José pode fazer se tudo está tão moderno? Nem mesmo o barulho das sirenes e os burburinhos dos curiosos ele ouve mais enquanto o repórter relatava o acontecimento. Sabe seu José, não é a polícia que não foi nem mesmo a rua que estava vazia. É o repórter que lê essa notícia em uma sala silenciosa. Nessa sala só se ouve o barulho de uma máquina cheia de teclas. Uma máquina igual aquela que seu neto usa para ficar informado, ouvir rádio e conversar. Sim seu José, ele conversa naquela máquina e muitas vezes se apaixona por uma menina, cuja voz ele nunca ouviu. Lembra seu José de quando sua esposa era apaixonada pela voz do rádio? Hoje nem a voz apaixona no rádio.

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